A arquiteta Mariana Junqueira, do Casa Ninho Studio, mesclou elementos cheios de cores e texturas em uma base contemporânea para criar ambientes que acolhem e refletem a personalidade dos moradores.
Um casal de médicos e os dois filhos universitários já moravam há anos em Laranjeiras, no Rio de Janeiro, mas queriam um imóvel maior para acomodar melhor a família. Durante a busca, tiveram sorte e encontraram um apartamento de 145 m², na mesma rua do bairro que tanto gostam, e que havia passado por uma reforma recente. Por isso, a princípio, os novos proprietários tinham em mente fazer pequenas intervenções, como pintura e marcenaria, antes da mudança. Mas, depois de algumas reuniões com a arquiteta Mariana Junqueira, do Casa Ninho Studio, entenderam o potencial do lugar e mudaram de ideia. Assim, partiram para uma reforma mais ampla.
Os médicos pretendem passar o resto da vida neste novo endereço e, enquanto os filhos estiverem morando com eles, querem garantir o maior conforto possível para todos. Outra preocupação do casal era que os ambientes da área de convívio refletissem a personalidade da família, além de ter as particularidades de cada um atendidas em seus respectivos quartos.
O rapaz, por exemplo, pediu bastante espaço para organizar os livros e a filha, uma decoração alegre. Já os pais sonhavam com uma cama baixa, do estilo tatame, para facilitar o acesso do cachorrinho. Esses desejos, então, guiaram a arquiteta na elaboração do projeto de reforma, que incluiu sala, quartos e cozinha — ficaram de fora a varanda, área de serviço e banheiro social.
Entre as principais alterações, houve a criação de algumas paredes para flexibilizar o uso dos ambientes. O banheiro social, que antes era aberto para a sala, foi fechado com um drywall e virou o quarto do filho. Pelo lado de dentro, essa nova parede recebeu dois nichos, que abrigam uma estante de livros e uma cama queen, além de iluminação embutida no alto. Outra mudança de layout aconteceu na cozinha, onde Mariana fechou uma parede para separar a área de serviço, que antes era integrada.
Para garantir a atmosfera aconchegante que os moradores tanto queriam, a arquiteta apostou em algumas referências retrô, como ladrilhos hidráulicos, patchwork e vidros canelados. Mas, apesar de olhar para o passado, a profissional fez questão de usar esses elementos de forma contemporânea para o projeto não parecer datado. “O apartamento já tinha uma base boa, a exemplo da varanda com piso de pedras portuguesas, a parede da sala revestida em tijolinhos e o piso de taco. Então, nosso trabalho foi a partir disso. Uma solução foi brincar com cores, texturas e iluminação, mas sempre com a preocupação de o resultado final não pesar visualmente”, explica.
No mobiliário, é tudo novo, com exceção das banquetas do balcão entre a sala e a cozinha, que vieram do apartamento anterior. Como Mariana usou cores e texturas no projeto, ela resolveu priorizar móveis de madeira ou em tons claros para criar uma composição harmônica e delicada. Para garantir integração visual entre a sala de estar e jantar, a arquiteta escolheu peças e acabamentos com a mesma paleta para ambos os espaços. Um dos destaques é o tapete de patchwork de kilins, que trouxe estilo e um toque retrô.
No quesito revestimentos, o taco original foi mantido e revitalizado na área social e nos quartos. Já a cozinha recebeu um novo piso de ladrilho hidráulico com formato sextavado nas cores rosa e branco, que se conectam com o acabamento dos armários. A varanda tinha uma peculiaridade charmosa que foi mantida: um piso de pedra portuguesa que reproduz o calçadão de Copacabana em pequena escala.
Equilibrar as muitas cores e texturas foi o maior desafio elencado pela arquiteta, principalmente na cozinha. “Para compensar, deixamos as paredes e as bancadas brancas e tiramos o máximo de partido da incidência de luz natural no espaço”, diz a arquiteta. O esforço valeu a pena e a família vive feliz em seu novo endereço, na mesma vizinhança.
Texto: Nádia Simonelli (@nadiasimonelli)/ Foto: Luiza Schreier/ Fonte: Casa Vogue